Autoconhecimento e ilusão
- Nei Paulino
- 19 de mar. de 2017
- 1 min de leitura

"Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim". (Drummond)
O conhecido aforismo visto na entrada do Oráculo de Delfos "CONHECE-TE A TI MESMO..." podia ter perfeitamente inspirado Drummond neste texto. A percepção da sutileza que diferencia FALTA e AUSÊNCIA é invariavelmente o resultado de um "mergulho profundo dentro de si mesmo".
A simbiose com a mãe, a identificação com a figura paterna e com os amigos, a exigência para enquadrar-se em um padrão que aniquila a diferença exercem influência em nossa vida e "embaçam" nossa visão. Ficamos impedidos de enxergar nossa singularidade, a nossa existência sem o outro.
Em determinado momento da vida esta conFUSÃO poderá ser resolvida. No texto citado acima, o poeta percebeu que a solidão e o silêncio tinham se tornado companheiros reveladores de questões muito importantes. Revelaram que aquele sentimento estranho que sentia na falta de alguém era simplesmente ele "entrando em contato com ele mesmo".
Uma primeira impressão quase sempre é criada por uma reflexão superficial, formulada sem o tempo apropriado para avaliação. Apenas uma convivência com um nível de intimidade profundo pode mudar nossas certezas e fazer aquela "presença assustadora" tornar-se cada vez menos hostil.
Parecido com a transformação da borboleta que deixou seu casulo, revelamos nossa verdadeira essência ao mundo e somos convencidos que estar acompanhado por nós mesmos pode ser uma experiência muito agradável. Drummond descreveu assim:
"sinto-a branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim". (Drummond)
Nei Paulino
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