Fernando Pessoa
- Nei Paulino
- 18 de fev. de 2017
- 3 min de leitura

Fernando Pessoa foi um grande escritor e poeta que contribuiu de forma sublime para apresentar o valor da língua portuguesa ao mundo. A linguagem poética reveste de beleza e brilhantismo a definição sobre a importância do mito e eleva este conhecimento valioso ao nível de grandeza que lhe é digno.
Esta é uma característica marcante nos grandes artistas: Eles conseguem revestir um conhecimento de certa atemporalidade, projetando-o ao mais alto nível de significado e sentido, fazendo-os transcender espaço e tempo.
Na Grécia antiga, os artistas eram considerados homens sagrados porque faziam ligação entre Céu e Terra, entre Divino e Humano. Dessa forma, o artista era aquele que se elevava até o Céu e como um pontífice, servia de canal para que a mensagem divina passasse através deles mesmos e se materializassem em suas obras. A linguagem simbólica era usada porque tornava possível a ligação entre consciente e inconsciente, pensamentos e emoções, entre mundo interno e mundo externo.
Alguns anos depois de sua morte (1935), foi encontrado um baú com vasto conteúdo literário guardados pelo próprio poeta. São fragmentos de textos soltos (poesias, contos, críticas, traduções, rascunhos e cartas para ele mesmo e para outras pessoas) que dificultam o trabalho dos estudiosos, que vão organizando este material de acordo com suas convicções, fundamentados e limitados por suas crenças sobre o homem, a vida e o mundo.
A descoberta do baú literário permitiu conhecer muito daquilo que fundamentava os níveis elevados de conhecimento que sustentavam sua postura filosófica.
A licença poética permitia que ele experimentasse através de seus heterônimos ideias totalmente contraditórias que não caberiam em uma só pessoa sem causar grande confusão. Ele mesmo relatou em suas anotações que passava por situações de confusão mental tão fortes que chegou pensar em internar-se por conta própria em um hospital psiquiátrico. As histórias conflitantes revelavam a desarmonia interna por falta de modelos mentais de integração, que dificultavam o posicionamento de suas próprias ideias diante do mundo. Quando analisamos suas obras observando a tendência literária da época em que foram escritas, percebemos o "medo" de não ser aceito como um grande artista. Nos seus diários ele expressa repetidamente suas inseguranças em impor suas ideias para o mundo e por isso sofria de uma tormenta psicológica difícil de suportar.
A posição de alguns de seus principais heterônimos mostram que eles seguiam uma posição que era modismo no início do século XX. A moda do ceticismo absoluto que negava toda metafísica com Alberto Caiero. A moda dos protestos, a busca pelo novo e negação de tudo que era antigo com Álvaro de Campos e a moda do conservadorismo e negação de tudo que é novidade com Ricardo Reis.
Trabalhando como tradutor de textos para a língua portuguesa, ele conheceu uma estranha figura que pediu a tradução de um livro chamado "A Voz do Silêncio", de Helena Blavatsky. Esta escritora foi responsável pela sistematização da moderna Teosofia. Depois de um casamento frustrado, ela saiu em viagens por todo o mundo em busca de conhecimento filosófico, espiritual e esotérico. Fernando Pessoa ficou totalmente impactado com as ideias da escritora russa. Sua tendência ao isolamento e seu interesse pela metafísica - Alquimia, Espiritualidade, Teosofia e Mitologia - era assunto recorrente em inúmeros textos encontrados no famoso baú e a leitura de cada texto, livre de limitações do pensamento, vai revelando cada vez mais sobre o universo de ideias que este grande artista foi.
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