Ícaro: Os perigos da imaginação
- Nei Paulino
- 24 de jan. de 2017
- 2 min de leitura

Este mito conta a história de um jovem chamado Ícaro. Ele era filho de Dédalo, um dos homens mais criativos e habilidosos de Atenas.
Dédalo construiu um labirinto a pedido do rei Minos de Creta para aprisionar o Minotauro. Certo dia, um homem chamado Teseu entrou no labirinto e matou o minotauro. Depois disso fugiu com a princesa Ariadne, filha do rei Minos.
Ao saber destas notícias o rei culpou Dédalo por todo aquele mal e enraivecido mandou prendê-lo junto de seu filho Ícaro no labirinto, assim pagaria pela traição. Dédalo sabia que era impossível escapar do labirinto. Depois de pensar bastante, decidiu construir asas artificiais com cera misturada com mel de abelhas e penas de gaivotas e assim, fugiriam pelo único meio que o rei não dominava, pelo ar.
Com as asas construídas, o pai recomendou ao filho que não voasse nem muito próximo ao sol nem muito perto do mar. Começaram a voar e se sentiram como deuses. Ícaro se deslumbrou demasiadamente pela liberdade, e voando cada vez mais alto, o calor do sol foi derretendo a cera de suas asas e ele caiu no mar Egeu, morrendo logo em seguida.
Ícaro personifica a capacidade da imaginação e apresenta sua característica principal: A liberdade que ela provoca nas pessoas. A imaginação é uma qualidade extremamente importante para o desenvolvimento mental. Sabemos de sua importância e benefícios para as crianças, porém, menosprezamos a eficácia desta ferramenta para a harmonização entre pensamentos e emoções. As emoções precisam de um símbolo para se associarem. O símbolo passa a ser eficiente quando possui uma representação interna, uma imagem mental dele. Com esta imagem interiorizada, torna-se possível o trabalho de associação e ressignificação.
A imaginação pode ser definida como a capacidade de criar qualquer imagem mental que poderá ser associada à emoção correspondente. Aprender usar a imaginação é de extrema importância. Porém, há de se tomar alguns cuidados. A imaginação não pode acontecer sem que se estabeleça limites. Tomando como exemplo o que aconteceu com Ícaro, devemos ter muito cuidado. Antes de dar "asas à imaginação", é necessário estabelecer limites, uma faixa segura por onde se pode voar, ser livre para pensar, refletir e planejar sem correr o risco de voar "alto demais", e a única forma de fazer isso é usando os símbolos. Quanto maior a capacidade imaginativa, maiores serão os recursos disponíveis para o equilíbrio mental.
O deslumbramento de Ícaro é o exemplo do risco que se corre quando a pessoa ainda não conseguiu estabelecer seus fundamentos de vida. Não trabalhou ainda as questões relevantes, como por exemplo, saber onde está (consciência do aqui-agora) para onde vai (estabelecimento de metas e objetivos) e quem ele é (ser bem resolvido sobre a própria identidade, aceitando suas sombras e os desafios naturais da vida).
Estas questões básicas estabelecem os limites seguros para o voo porque fundamentam a estrutura de qualquer história de vida. Temos a liberdade de voar para onde quisermos, porém, não podemos ser negligentes ao estabelecer as âncoras que nos manterão com os pés firmes na realidade.
Nei Paulino
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